SAF dialoga com comunidades indígenas na TI Caru para alinhar a implantação de PGIS

Lideranças indígenas da Terra Indígena Caru, no Maranhão, participaram nos dias 06 e 07 de setembro de uma atividade ligada a construção do Plano de Gestão Integrada Sustentável (PGIS) indígenas, promovida pela Secretaria de Estado da Agricultura Familiar (SAF) e pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), através do Projeto Amazônico de Gestão Sustentável (PAGES). A atividade contou ainda com o apoio da Secretaria de Estado dos Direitos Humanos e Participação Popular, coexecutora do projeto.
Durante dois dias, homens, mulheres, jovens e anciãos se reuniram para a construção participativa dos PGIS indígenas, instrumentos que irão fortalecer atividades produtivas, culturais e sociais das comunidades, sempre respeitando os saberes tradicionais e garantindo autonomia na definição de prioridades.
Um dos momentos mais marcantes foi a fala de seu Antônio, ancião da Aldeia Maçaranduba, município de Bom Jardim. “Antigamente era mais difícil. Os kaar’iws (pessoas não indígenas) não tinham o hábito de produzir e dependiam do que os indígenas produziam. Para gente, produzir era mais trabalhoso. Os materiais como o tipiti, servia para espremer a mandioca e depois virá torra. Com o apoio do PAGES, a comunidade vai melhorar mais sua forma de trabalhar, produzir de forma melhor e com mais benefícios para melhorar a vida das famílias”, declarou.
O secretário da SAF, Bira do Pindaré, o encontro reforça a importância do PAGES para as comunidades indígenas do Maranhão. “O diálogo entre o poder público e as comunidades indígenas fortalece e respeita os saberes tradicionais, o trabalho da equipe é essencial para entender e definir estratégias de atuação para implantação do PGIS em territórios indígenas,” disse Bira do Pindaré.
A programação contemplou diálogos abertos com a comunidade, visitas técnicas a casas de farinha, usinas de arroz, unidade de beneficiamento de polpa de frutas e à base dos Guardiões da Floresta e das Guerreiras da Floresta. Também houve encontros com artesãs e artesãos que produzem peças com miçangas e sementes nativas, fortalecendo a produção de arte indígena.
O calendário construído coletivamente definiu as etapas de elaboração do PGIS da Casa de Farinha, que organiza o beneficiamento da mandioca, um dos eixos estratégicos de valor do PAGES, ao lado da juçara, mel e babaçu. Outro plano iniciado foi o PGIS de Arte Indígena, direcionado ao fortalecimento do artesanato. Ambos deverão ampliar a produção já existente, melhorar a infraestrutura e abrir novos caminhos para o acesso a mercados.
Para a coordenadora geral do PAGES, Mariana, a oficina representa um marco para o projeto. “Esse encontro mostra, na prática, como os PGIS nascem do diálogo com as comunidades. São os indígenas que decidem as prioridades, definem como querem se organizar e quais caminhos desejam seguir. O PAGES está aqui para apoiar, oferecer os meios e garantir que esses planos tragam impactos concretos para as famílias, respeitando suas tradições e fortalecendo sua autonomia.”
Além da produção, os PGIS também dialogam com ações de proteção ambiental. O PAGES possui eixos voltados à defesa dos territórios e ao combate à degradação, com viveiros de mudas e fortalecimento da atuação de coletivos indígenas.
Guerreiras da Floresta
Criado em 2014, o coletivo Guerreiras da Floresta reúne mulheres da TI Caru que assumiram papel de protagonismo na proteção de 172 mil hectares de floresta, atuando ao lado dos Guardiões contra ameaças de desmatamento, extração ilegal de madeira, caça e pesca predatória. As Guerreiras surgiram da necessidade de fortalecer a gestão do território e criar um espaço de mediação de conflitos, organizando-se no chamado “Conselho de Mulheres”.
Guardiões da Floresta
Os Guardiões atuam no monitoramento e proteção territorial das Terras Indígenas Alto Turiaçu, Awá-Guajá, Caru e Rio Pindaré. Realizam rotinas periódicas de fiscalização, identificando áreas de atividades ilegais e articulando-se com órgãos como Ibama, Polícia Federal e Polícia Militar. Com caminhonetes, drones, GPS, além de seus próprios instrumentos tradicionais de defesa, garantem a proteção da floresta e a integridade dos territórios indígenas. Fonte: Ciro Barros – Pública Agência de Jornalismo Investigativo.
Brigadas Indígenas
Além de atuar na prevenção e combate a incêndios florestais, a Brigada da TI Caru desenvolve ações voltadas para a restauração e conservação ambiental.
Por meio de viveiros com espécies nativas e da implantação de sistemas agroflorestais, a Brigada atua nas regiões da Arariboia, Awa e Alto Turiaçu, ampliando o alcance de suas ações em benefício do meio ambiente e das comunidades locais.